Monday, December 25, 2006

Reflexao epistemologica


A ideia de que as filosofias são intemporais - como repetidamente afirma um Michel Villey - não invalida que sejam historicamente determinadas. O valor e o significado de uma filosofia podem ser em boa medida desentranhados do seu modo de produção sócio-histórico. Por isso, não seríamos tão severo para com os historiadores da filosofia como um Lucien Febvre. Na medida em que se faça história da filosofia como modo de filosofar e não simplesmente como história das ideias e muito menos das mentalidades. Cfr., v.g, Lucien Febvre, Combats pour 1’Histoire, Armand Colin, Paris, 1953, pp. 278 segs. Coisa um tanto semelhante poderia, aliás, dizer-se da História do Direito, que não é História geral nas suas interacções institucionais e juridicas, mas sobretudo importa como meio autognótico da génese de cada presente jurídico. A elaboração epistemológica de uma disciplina histórica, filosófica, sociológica, comparatística, etc., especificamente dirigida a um corpo definido de especialistas (filósofos, juristas, médicos, artistas etc.) está mais centrada na preocupação com essa concreta corporação profissional intelectual do que com a disciplina autónoma que sobre ela versa. Obviamente sem prejuízo dos métodos e das preocupações gerais dessas disciplinas, aí objectivamente «adjectivas». Por isso é que os historiadores, por exemplo, se não revêem nas filosofias da história dos filósofos (cfr. Roger Chartier, A História Cultural. Entre Práticas e Representações, p. 69.

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